sexta-feira, 16 de julho de 2010

Luto




Hoje declaro luto. Luto por tantos, luto por um.
Abaixo, um texto de um moderno Bodhisattva que bem poderia ter sido escrito por Xaquiamuni Buda.

Nada do que foi será de novo
do jeito que ja foi um dia.
Tudo passa, tudo sempre passará.
A vida vem em ondas como o mar:
num indo e vindo infinito.

Tudo o que se vê não é
Igual ao que a gente viu a um segundo.
Tudo muda o tempo todo no mundo.
Não adianta fugir nem mentir pra si mesmo.

Agora há tanta vida lá fora
Aqui dentro, sempre, como uma onda no mar.

O luto consegue ao mesmo tempo fazer bem e mal. Mal porque nada queremos que seja arrancado tão subitamente. Não há educação no mundo que ensine a efemeridade das coisas. Nem mesmo as mandalas. Nem mesmo a morte, por tantos anos presente.
Bem porque só sentimos o quanto somos autosuficientes quando a vida resolve varrer por si mesma aquilo que acreditávamos nossa fonte mais preciosa de vida. A vida vivifica mostrando-se a si mesma, sua fragilidade e sua força.

Essa coisa de só se muda após certa idade... balela! Mudamos sempre. A cada segundo somos outro e o mesmo. O mesmo homem não mergulha duas vezes no mesmo rio. O mesmo homem que inspira, não expira. E a cada segundo, somos menos. Cada instante, um pouco menos.

Tempo é mais rápido que uma flecha. Vida mais frágil que uma gota de orvalho. (Shushogi; texto tradicional budista).

Como uma onda no mar.